Enquanto isso ...
Tudo era devagar na rodoviária da pequena cidade do interior.
Um idoso, a um canto qualquer, lia o jornal que já não era mais
do dia, para alguns as novidades ainda podem ser as de ontem. No salão, o
barbeiro aguardava paciente o cliente que insistia não chegar. Havia
dois guichês de passagens, em um deles, uma garota debruçava-se sobre o
balcão sonhando amores de verão que o sábado a noite prometia; no outro,
a boca ávida de um homem quebrava as costelas de um pão francês numa
bocada voraz. Na lanchonete, tudo morno, exceção ao leite que estava frio, e, até as moscas estavam pousadas preguiçosas de voar.
Não se percebia em minha pessoa frenesi aparente que
justificasse essa afirmativa, não se notava em mim movimentação que
caracterizasse meu atual estado de estímulo permanente. Os mais atentos,
entretanto, se eles houvessem naquele lugar sossegado, perceberiam que
tudo em mim era alegria plena, uma ebulição de sentimentos nobres que
nasciam direto do meu coração e convergiam para os olhos e pelo corpo
inteiro, denunciando no bom humor a felicidade que me era companheira.
Tempos bons.
Sorri e quando meu ônibus chegou notei em todos na pequena estação uma movimentação algo nervosa que o coletivo instigava. Subi
nele e parti e, quando já saia em busca do meu destino, voltei meus
olhos para a velha rodoviária e, de repente, tudo estava normal
novamente, dentro da calmaria rotineira do interior, livre dos ventos
nervosos das cidades grandes.
Fechei os olhos, recostei-me na poltrona e ganhei a
estrada namorando no meu íntimo a minha amada – beijei sua boca, abracei
seu corpo e recitei-lhe uma dúzia de poesias improvisadas. Ah! Como é
deliciosa essa agitação em meu coração...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Se você conseguiu chegar até aqui, é porque teve paciência suficiente para agüentar minhas insanidades. Prometo agüentar as suas também... vai! Me diz aí o que você pensa.