Marcas invisíveis
E ela pensa que pode me ligar, assim, em um dia qualquer, e eu deveria
reconhecer a sua voz. Como se os anos não tivessem passado e, aquele
nome comum, quase vulgar, possuísse algum significado. "Você não lembra mesmo de mim?" - essa combinação de ironia com agressividade sempre foi inconfundível. Apenas mais uma. Mas, certamente, a única que me fez perder o chão.
Minha insensibilidade pode atingir proporções astronômicas e, quando ela
decidiu não mais falar comigo, achei que se tratava, somente, de um
momento delicado; acreditei que com o passar do tempo, tudo se
resolveria. Grande engano! Os dias transformaram-se em meses e, os meses, em anos - nenhuma palavra. A verdade é que eu não tive o direito a uma segunda chance. De fato, eu não merecia.
Foi intenso, sim, porém, nebuloso. Eu chamaria de uma paixão avassaladora - seria apropriado - afinal, tudo não passou de um clichê. A nossa relação foi, apenas, um clichê de mau gosto.
*Retirado e adaptado do Fantástico *** Caos ***
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