Pequeno texto para os dias de loucura
Escrever, para mim, ultimamente, deixou de ser um ato lúdico para ser
um exercício de dor. Ainda percebo algum lirismo em minha prosa e meu
verso, mas ele vem sangrando, ele se desgarra das feridas abertas e
espalha-se por todo o texto. Escrever é dor, é dor... é dor... é dor...
Porque eu mesmo não sou eu. Sou um mutante, sou um diferente, sou um
ausente de mim mesmo, eu me esqueci dentro do espaço inconsciente que
fica entre a razão e a loucura. Minha sensibilidade se solidificou
dentro de um coração empedernido em um peito cheio de ressentimentos,
ela foi esquecida e sua poeira se junta em dois generosos dedos por
sobre minha consciência. Nada me acalenta, nada me apascenta, nada me
tranqüiliza, sou o ultimo brilho do estopim aceso, sou o barril de
pólvora pronto para explodir, eu sou o brilho no olhar da fera, eu sou o
ultimo suspiro de esperança, sou ninguém e nada ao mesmo tempo agora,
sou a revolução estúpida e todas as revoltas tolas, sou o beijo que quis
ser dado e ficou prisioneiro dentro de um desejo que não se concluiu.
Meus maiores pecados não foram os cometidos, e sim aqueles que ficaram
esquecidos dentro de uma vontade covarde. Eu me perdi, sou um quase
qualquer coisa feito de nobres matérias primas de idiotices.
Vêem os sorrisos, eu não estou entre eles.
Vêem as lágrimas, também não estou entre elas.
Minha dor é diferente, é sozinha, é amargurada, uma agonia que se
constrói dentro de minha própria inércia, da impossibilidade que me dou
de sofrer de verdade, como todos fazem. Minhas emoções são forjadas pela
minha estupidez e burrice. Até nisso me faço diferente, minha expiação é
solitária, minha tristeza tem a robustez de uma clausura ao qual eu
próprio me submeti, uma clausura que sufoca minha liberdade e meu desejo
real de ser feliz... Isto, meu maior pecado é não tentar, é não cair
pelo caminho, é não tentar ser feliz do jeito que realmente quero, é não
sangrar de verdade no altar dessa busca...
Então, como posso escrever o amor e a felicidade.... Se a dor me invade, me flecha por todos os lados de meu corpo?
Não escrevo o amor... Eu sou a dor... o amor em mim é apenas um
intruso, um passageiro errante, um andarilho, alguém que passa, me olha
levemente com uma sugestão adocicada e cheia de possibilidades, e,
depois, se vai... sem deixar nada... sem levar nada... Eu vivo dentro
desse vazio!
Escrever para mim tem sido um delirante exercício de dor... De dor... De dor...
ADOREIIIIIIIIIIII
ResponderExcluirObrigado.
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