Telefonema
Ela sempre lhe fora um suspiro, uma sugestão, a fração de um sonho, a
frase perfeita de uma poesia, um sentimento e uma possibilidade, um
encanto – tudo tão lindo, tudo tão distante.
Ele nunca negou a verdade, nunca negou a possibilidade de que ela
existia e que seus sonhos não eram tão somente sonhos de noites
amalgamadas com suspiros poéticos e desejos de amor.
Mas, algumas crenças, ainda que fortes, ficam tão no fundo das
pessoas e soterradas por tantos outros desejos, aflições e emoções que,
acabam virando o eco de um grito poderoso. Os ecos estão sempre
distantes, ainda que presentes, distantes...
Quando ela chegou montada num corcel alado e sua voz anunciou-se
dentro de seu mundo pequeno e poético, o grito veio para a superfície,
novamente, e junto com ele a crença que se paria de uma placenta de
sonho para dentro de um regaço de realidade.
Ele ficou ali, abobalhado, ruminando poesias para serem ditas e que
foram esquecidas ante a surpresa do momento. Foram poucas as palavras, o
silêncio entre ambos foi até maior do que deveria ter sido, mas, ele a
sentiu do outro lado, ouviu a sua respiração, escutou sua voz suave,
sentiu a batida do seu coração; para ele, não perguntem como, pareceu
sentir até mesmo o cheiro da pele dela, alva como o sol da alvorada.
E, quando ela se foi, deixou em sua vida a fragrância de uma nova possibilidade, deixou instalado um novo sonho:
Iriam se ver...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Se você conseguiu chegar até aqui, é porque teve paciência suficiente para agüentar minhas insanidades. Prometo agüentar as suas também... vai! Me diz aí o que você pensa.