sábado, 20 de dezembro de 2008

Desamparo


Meu mundo se tornou incolor, meus pensamentos se tornaram abstratos
vejo sempre o mesmo caos, não importa se é através de um espelho ou de um retrato
as lágrimas de sangue que caem dos meus olhos ganham um novo significado
a dor é tão abissal que apaga todo o meu legado

Por que eu nunca encontro as respostas para as perguntas que eu faço?
por que simples palavras podem rasgar ate mesmo o aço?

O mundo não permite que eu fique chorando pelos cantos
mas me guia por um caminho de eterno sofrimento e pranto
é insuportável viver no inferno sentindo um imenso frio
eu imploro a alguém, tire-me deste insano vazio ...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Se a sua morte fosse premeditada, qual seria o seu último ato neste hediondo mundo?












As respostas irão ajudar a compor o próximo post.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Nada além de palavras


Tudo muda, tudo passa
só essa dor não me abandona, não importa o que eu faça
da abolida monarquia, a atual democracia
dos sentimentos da poesia à sabedoria da filosofia
da tão usada esferográfica à respeitada pena
das brincadeiras de criança aos jogos de Atenas

Tudo muda, tudo passa
menos o sangue que verte do meu coração pra dentro de uma taça
dos grandes crimes aos pequenos delitos
inquirir calado ou responder com gritos
das antigas paqueras à atual namorada
das esquecidas cicatrizes à última apunhalada

Dos deleitosos beijos à amargas lágrimas
tudo muda, tudo passa
e no fim, não resta nada além de palavras ...

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Voar (Ou seria cair?)


A estrada estava deteriorada
a lua não mais brilhava
no frio da noite, seu sangue congelava
e contra todas as adversidades, o anjo continuava

Sentia-se sufocado pelo temor de estar sozinho
com o seu coração despedaçado, carregava apenas o vazio
seu corpo estremecia perante o intenso frio
e abdicando dos seus sentimentos, o anjo seguia o seu caminho

A mulher que amava foi perdida no passado
pelos seus pecados, seus sonhos foram esmagados
não havia um só dia em que ele não se sentisse culpado
e mesmo sem ter seu amor correspondido, o anjo continuava apaixonado

Seu futuro era incerto, isso é fato
seu destino se assemelhava ao quadro de um pintor abstrato
sem lembranças, memórias ou retratos
o anjo perdia suas asas e se tornava um poeta nefasto



Abel _____________________________ Requiescat in Pace

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Nunca mais

Por tudo que lutei
Eu sempre posso me lembrar
Uma força tão divina me abraçou
A luz que faz a vida brilhar

Eu posso renascer
Mesmo quando estou ferido
Eu tenho um caminho a seguir
O meu destino é sempre vencer

Abro minhas asas
O imenso céu vou alcançar
Acreditar
No poder que pode agora nos cercar
E lutar
Pra sempre vou voar

Saint Seiya

A história sempre recomeça

Saint Seiya

Cumprindo sempre a promessa

Saint Seiya

Um novo dia vamos encontrar

Saint Seiya

E nenhum adeus pode nos separar

Nunca mais



*Música Never, Saint Seiya

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Dorme, criança... Descansa...
Dorme, e deixa-te levar...
Deita, em teu sono, a minha esperança;
Deixa, em teu sono, meu mundo, habitar...
Dorme, criança... Descansa...
Dorme, e deixa-te me ouvir...
Faz, do seu sono, a nossa aliança;
Deixa, em teu sono, meu mundo existir...




*Retirado do extraordinário "O primeiro relato da queda de um demônio"

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Segredos


O que tenta esconder de mim?
esqueceste que teus olhos me revelam o início, meio e fim?
será capaz de reviver todos os seus pecados?
já não se importa mais com todas as lágrimas do passado?
Por favor, diga-me
eu preciso saber do que tem medo
uma vez que o tremer de suas mãos não mudam mais o nosso enredo
destrua as mentiras infames e liberte a sinceridade
só assim ficaremos juntos pela eternidade
meu coração indaga a dor que chega mais cedo
se realmente me ama, diga-me todos os seus segredos

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Piedade


Onde a lua testemunha um assassinato
uma criança pinta um feitio abstrato
quando um pecado apagar seu nome da divina lista
será criado um mundo pormenorizado como os autistas

Onde o temor infesta o coração dos covardes
uma criança brinca sem conhecer a maldade
quando perdemos nosso lado humano
será revelado quem realmente somos

Onde as trevas se espalham como uma doença
uma criança incide, inquiri e pensa
"Este é o mundo em que subsisto cego, esconso e sem voz
espero que os céus tenha piedade de nós."


Abel _____________________________ Requiescat in Pace

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Prisioneiro


Ano 2010,
as igrejas não tem mais os seu fiéis, vidas confinadas em quartéis,
já não se usa mais canetas nem papéis, já não se escreve
o monopólio mundial pertence a Microsoft e Ambev
no verão o que se vê é neve, a luz do Sol é breve,
saudades da brisa leve, lembrança que me persegue,
da minha liberdade, da extinta privacidade,
do caos tranquilo da velha cidade, saudades do passado,
hoje tudo é controlado, tudo é calculado,
onde tudo é programado, o clima, o tempo, o sol e vento,
vidas e comportamentos, livre arbítrio agora é crime,
eles escolhem até o meu time, tudo que era livre agora se reprime
raciocínio da pena de morte, estou condenado desde 20 de dezembro de 2009,
sedativos e remédios fortes, lavagem cerebral produz o corte
que não cicatriza e inutiliza o idivíduo,
que submetido a longas sessões de vídeo,
muitos não resistem, enlouquecem e cometem suicídio
por isso escrevo tudo neste livro, cada dia que eu sobrevivo
antes que acaso um dia, eu me torne inofensivo,
certamente encontrarei aqui o real motivo

Fui oprimido e reprimido por ser um ser humano,
querem que eu seja como um boneco de pano,
querem apagar da minha mente quase 20 anos
pare, pense e veja, faça, ouça, seja o que eles querem
entregue sua cabeça de bandeija e não espere recompensa,
entre mim e os lá de fora, uma diferença,
eu me recuso a ser um prisioneiro e ofereço a resistência
não há aço nem cimento que impeça o meu pensamento,
não há nada que apague os meus sentimentos,
eles não podem apagar as marcas do tempo,
não há riqueza que pague um bom momento
não há correntes que prendam minha imaginação,
não há censura que cale uma boa canção,
nem todo ouro do mundo paga a liberdade de expressão,
ou a liberdade de tomar a própria decisão ...

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Desejos


Alguem como eu não deve viver ou morrer, apenas existir.
Seguindo sem sonhos. Sendo levado apenas pelos desejos.
Eu desejo perder a audição, somente desta forma eu não escutarei os gritos que ecoam pela Terra.
Eu desejo perder a visão, somente desta forma eu não enxergarei as lágrimas que caem da face dos mortos.
Eu desejo perder o olfato, somente desta forma eu não irei respirar o ar causticante carregado de medo.
Eu desejo perder o paladar, somente desta forma eu não irei degustar o sabor do sangue que cai dos meu olhos.
Eu desejo perder o tato, somente desta forma eu não irei sentir a dor de um corpo dilacerado.
Eu desejo viver por apenas um minuto ao invés de morrer diariamente ....

domingo, 6 de abril de 2008

Frívolo vazio


As pétalas de rosas caiam com o alvorecer
o crepúsculo da aurora iluminava o renascer
entre tantas banalidades, algo se destacava
as rosas eram manchadas de sangue por um coração que se despedaçava
as lágrimas no rosto não deixavam incertezas
o desejo abissal era sua única certeza
lembranças que se vêm e vão; assim como o vento
as feridas que não cicatrizarão nem com o passar de mil tempos
esta é a maldição humana para não ultrapassarmos metas?
é irônico eu ter nascido sem sentimentos, visando que minha alma é poeta
esquecendo os devaneios, entrego-me a esta dor
imploro aos céus, mostrem-me o que é o amor

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Eternidade aos 20


Busco em minha alma algo que se perdeu
sinto-me sozinho sem o meu outro eu
talvez um pouco desesperado, cansado
este dia desperta em mim um pensamento equivocado
os trovões que caem lá fora gritam por qual motivo?
os céus exaltando a minha existência ou o inferno banindo o meu sorriso?
uma lágrima que corre em um coração abalado
lembranças que trazem as dores do passado
o que me espera neste futuro que eu mesmo criei?
as mordaças de um servo ou a liberdade de um rei?
o medo de se tornar apenas uma lembrança?
ou a glória ascendente rumo a esperança?
o caminho que eu sigo é uma ponte de espinhos
rodeada pelas trevas e carregada pelo vazio
a todos aqueles que me acompanharam nessa jornada chamada vida, eu deixo o meu sincero adeus
29, Janeiro de 2008, o dia em que Abel subiu ao céu como um verdadeiro deus

Abel _____________________________ Requiescat in Pace



Poema escrito quando meu alter ego completou 20 anos de existência.
Uma forma de tentar controlá-lo ou torná-lo mais forte.
Ainda não sei ao certo ...

domingo, 20 de janeiro de 2008

Torna-se sufocante
sem descrição exata
talvez surreal
sem nexo; simples nada

tentativas fúteis
sem obter sucesso
divago um instante
em seguida peço

"Caminho nas chamas
sem êxito, ainda vou
diga-me sinceramente
quem eu sou?"

o silêncio causticante
só me resta o lamento
nessa busca pelo meu "eu"
deixo-me ser levado pelo vento

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Eu sou a lenda

A força do vampiro é que ninguém quer acreditar nele”.
Obrigado, Dr. Van Helsing, pensou ele, deixando de lado seu exemplar de Drácula. Ficou sentado encarando a estante com um ar sombrio, escutando o segundo concerto para piano de Brahms, um uísque com limão e gelo na mão direita e um cigarro entre os lábios.

Era verdade. O livro era um amontoado de superstições e clichês de romance, mas aquela linha era verdadeira; ninguém havia acreditado neles, e como podiam combater algo em que sequer acreditavam?
Fora essa situação. Algo negro e noturnal havia saído rastejando da Idade Média.
Algo sem estrutura nem credulidade, algo que havia sido mantido confinado, sob todos os aspectos, às páginas da literatura imaginativa. Vampiros estavam ultrapassados, eram idílios de Summers ou melodramas de Stoker ou uma breve menção na Enciclopédia Britannica ou grão para o moinho do escritor de romances baratos ou matéria -prima para as fábricas de filmes B. Uma lenda de pouca importância transmitida de um século a outro.
Bom, era verdade.
Ele tomou um gole da bebida e fechou os olhos enquanto o líquido gelado escorria pela garganta e aquecia seu estômago. Verdade, pensou, mas ninguém jamais havia tido a oportunidade de saber. Ah, eles sabiam que era alguma coisa, mas não podia ser aquilo – não aquilo. Aquilo era imaginação, aquilo era superstição, não existia nada parecido com aquilo.
E, antes de a ciência alcançar a lenda, a lenda havia engolido a ciência e todo o resto.
Não havia encontrado nenhum pino de madeira naquele dia. Não havia verificado o gerador, não havia limpado os pedaços de espelho. Não havia jantado; perdera o apetite. Não era difícil. Perdia o apetite na maioria das vezes. Não conseguia fazer as coisas que havia feito a tarde toda e depois chegar a casa e comer com vontade. Nem mesmo depois de cinco meses.
Pensou nas onze – não, nas doze – crianças daquela tarde, e terminou o drinque em dois goles.
Piscou os olhos, e o quarto vacilou um pouco diante dele. Estás ficando bêbado, Velho, disse a si mesmo. E daí?, retrucou. Alguém tem mais direito a isso?
Jogou o livro do outro lado da sala. Sumam daqui, Van Helsing, Mina, Jonathan e Conde de olhos injetados e todos vocês! Todas invenções, todos extrapolações infantis em cima de um tema sinistro.
Uma risada pigarrenta escapou de sua garganta. Do lado de fora, Ben Cortman o chamou para sair. Já estou indo, Benny, pensou. Assim que vestir o meu smoking.
Teve um calafrio e cerrou os dentes. Já estou indo. Bom, por que não? Por que não sair? Era uma maneira segura de se livrar deles.
Ser um deles.
Riu da simplicidade daquela idéia, depois se forçou a levantar e andou mancando até o bar. Por que não? Sua mente continuou a divagar. Por que toda aquela complexidade quando uma porta escancarada e poucos passos poriam fim a tudo...



To be continued ...

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Suicídio


Quente ... Seco ... Escuro ...
Onde estou?
Preciso manter a concentração... Pensar, raciocinar...
Tudo acontece tão rápido... O cheiro forte de vodka continua impregnando minha camisa, mas não me sinto mal, exceto pela tontura...
Preciso matar alguém.
O pensamento me atinge como um soco. Engulo um pouco de saliva e sinto minha garganta secar novamente. Preciso beber alguma coisa rápido.
Matar...
O calor está me sufocando e a falta de ar começa a me deixar em pânico...
Preciso de uma dose... Agora...
Sinto o chão girar e quase perco o equilíbrio. Minhas mãos tremem, quase não dá para me controlar. Estou perdendo a consciência...
Não! Não... Não... Não...
Não consigo encontrar mais forças para resistir. o que quer que esteja sentindo, é mais forte do que eu. Tomado por impulso, um impulso suicida, não sei bem por quê.
Só um impulso.
jogo meu corpo do parapeito sobre a rua lá embaixo.
Sétimo andar.
Queda livre. Nenhum toldo, nenhuma proteção.
Lembro que levei menos de um segundo para chegar até a calçada. Aquele frio na barriga, o vento no rosto, a aceleração. Atinjo o chão como um saco de batatas, em um baque seco e surdo, a não ser pelo som dos ossos estalando como gravetos.
Mas é madrugada e ninguém me vê; ninguém escuta minha queda.
Apenas a lua cheia.
À noite, madrugada... A cidade inteira dorme.
Inteira?
Não.
Há um pequeno grupo de pessoas que não estão dormindo. Elas nunca adormecem. A noite é toda delas.
Nossa.
Prefiro não pensar nisso agora... Não pensar nisso...
Não é a queda que mata - dizem - Mas a súbita parada no final.






Uma descrição da minha última tentativa de suicídio.