quarta-feira, 25 de abril de 2007

Infortúnio


Que a imagem de tua vida inteira não te perturbe jamais.
Não sonhes com todas as coisas dolorosas que provavelmente te aconteceram, mas, a cada momento presente, pergunta; o que há de insuportável e de irreversível neste acontecimento?
Lembra-te então de que não é nem o passado nem o futuro, mas o presente que pesa sobre ti.



Meditações, VIII, 36.

terça-feira, 24 de abril de 2007

Segundas Opções*


Entre viver em um mundo hediondo ou me deixar levar pelos meus sonhos; prefiro a segunda opção.
Entre sanar a dor que eu sinto ou tentar entende-la; prefiro a segunda opção.
Entre caminhar na luz ilusória ou aprender a conviver com as trevas; prefiro a segunda opção.
Entre o convívio com humanos doentios ou a solidão; prefiro a segunda opção.
Entre unificar a minha mente ou aceitar a esquizofrenia; prefiro a segunda opção.
Entre lamentar pelos meus erros ou entender o por que de ter errado; prefiro a segunda opção.
Entre sofrer por amor ou amar pra não sofrer; prefiro a segunda opção.
Entre a mórbida razão ou a divina insanidade; prefiro a segunda opção.
Entre morrer por uma segunda chance ou viver pela primeira; prefiro a segunda opção.
Entre o tédio de ser comum ou as maravilhas de ser bizarro; prefiro a segunda opção.
Entre imaginar o paraíso ou fazer do inferno um lugar sublime; prefiro a segunda opção.
Entre temer a morte ou preparar-me para a ressurreição; prefiro a segunda opção.
Entre a euforia da ascenção ou o aprendizado da queda; prefiro a segunda opção.
Entre aceitar tudo como é ou modificar para ser como eu quero; prefiro a segunda opção.
Entre o simples ou o complexo; prefiro a segunda opção.
Entre o limiar do infinito ou os limites da finitude; prefiro a segunda opção.
Entre conversas banais ou o resplendor da filosofia; prefiro a segunda opção.

Sempre existirá uma segunda escolha, a dúvida é se você está pronta para escolher ...





*Baseado no texto Segundas opções de Carol Cruz.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Introspectivo


O sol torna-se negro e produz um brilho mortuoso.
As águas dos rios e mares são manchadas com sangue.
O instinto primitivo predomina nos animais, deixando-os com um aspecto igual a Letes*.

Assim são os meus dias ...

A lua é tingida de vermelho, fazendo o céu desabar sobre mim.
As estrelas derramam lágrimas de existências.
De um lado encontra-se as trevas, do outro apenas o mero vazio ...

Assim são as minhas noites ...

Este é o meu mundo.

Sinta-se à vontade.



*Letes, um dos cinco rios do Inferno mitológico.

Akuma Bankai


Incontáveis vezes, fui questionado por meros mortais sobre o meu demônio interior.

"O que é este ser de que tanto fala?"
"Quem é este demônio que se aloja em sua mente?"

A resposta para essa dúvidas é complexa mas ...

Abel, um anjo caído. Possuidor de asas negras.
Em termos poéticos, o meu "eu lírico".
Psicológicamente, minha outra personalidade.

Meu corpo é habitado por duas almas distintas.
Um coração ambíguo.
Uma outra parte de mim que completa o meu espírito.

Eu não tenho nada a reclamar da minha insignificante existência, além do fato de ter que conviver comigo mesmo.

Quando fecho os meus olhos, eu o vejo.
Um olhar puro e inocente e um sorriso doce como o pecado.

Vulgarmente denominado, Akuma bankai*.

O mundo em que vivo, é hediondo e catastrófico. A dor que eu sinto não pode ser suportada por apenas uma individualidade.
Ela é intensa demais.

Portanto, a forma mais simples de refutar a incessante dúvida:
"O que é o seu demônio interior?"

é esta ...

"Desprovido de sentimentos e com uma força de vontade inabalável, meu demônio interior é aquilo que eu anseio ser
A idealização dos meus sonhos, a perfeição e a determinação para viver"



Com essas palavras tento sanar algumas dúvidas (inclusive as minhas) sobre o meu outro "eu".
Essa é a minha definição, espero que a Jovelina entenda ...

*Akuma bankai, liberar o demônio interno, em japonês.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Despertar


Domingo, 08/04
23:00

Do fundo da minha alma, apenas um sussurro :
"Desperte"

Uma dor indescritível.
Irrefletido silêncio.

Meu corpo começa a recear enquanto meus olhos derramam lágrimas de sangue.
A dor é insuportável.
"Ouse fazer e o poder lhe será dado"
"Cale-se"

A espada em minha mão produz uma cintilação despótica. No reflexo da lâmina, minha garganta é refletida de uma forma um tanto quanto sugestiva.

"Perdoe-me"

Em um simples movimento com as mãos, todas as minhas lembranças revolveram em minha mente.
E milagrosamente, a dor se extingue ...

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A resplandecência da lua encontra os meus olhos e me desperta para mais uma noite.
O relógio ao lado indica, 23:15h.
"Apenas mais um pesadelo"

Meu corpo suado ainda treme.
E assim, o silêncio é quebrado ...

"Eu não preciso mais de você"

"Tem certeza?"

Um minuto de reflexão.

"Na verdade não"

"Entenda meu caro, você é livre para tomar as suas próprias decisões. Basta Dizer algumas palavras e eu lhe abandonarei"

Ainda estou confuso.
A escuridão que me envolve só é superada pela vontade do meu outro "eu".
A solidão que me acompanha transforma meu demônio interior em uma "adorável companhia".

"Até quando tu irá me acompanhar?"

"Seria um estereótipo dizer, por toda a eternidade?"

Um sorriso.
Ao menos ele tem senso de humor.

Ao passar de uma hora, eu me levanto e sigo em direção ao indistinto.
Não sei onde meus passos me levarão, mas tenho certeza que "ele" nunca irá me abandonar.

"Quando alguém desiste de desistir , ganha o direito de trilhar o caminho além da humanidade"

Do fundo da minha alma, apenas um sussurro :
"Desperte"

E ao caminhar, meu destino segue em direção ao vazio das incertezas.
Um caminho que será marcado com glória, orgulho e o poder para dominar meu próprio ser ...

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Refutação

Meus olhos refletem pura sinceridade
meu coração carrega o peso da imortalidade
minha mente luta desesperadamente contra a insanidade
sou apenas um anátema, um mero covarde
Temo o dia em que meus pesadelos se tornarão reais
o dia em que minha alma se fragmentará em pedaços banais

Minha vida reflete todas as minhas incertezas
Meus fracassos revelam a minha tristeza

Para encontrar a luz, é preciso caminhar na escuridão
para abandonar a loucura, é preciso perder a razão
Definir quem eu sou? Até seria simples explicar
Mas você está pronta para ouvir, tudo o que eu tenho pra falar?

Abel _____________________________ Requiescat in Pace



Poema escrito para demostrar a "Bela Dama" o quanto eu me sinto deslocado neste mundo, espero que ela compreenda ...

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Eternidade aos 19




Pensamentos lisérgicos provocados pelo absinto
o desespero depressivo não pode ser comparado ao que eu sinto
um caos gerado pela indiferença humana
distorce minha mente e a deixa insana
6941 dias de uma existência sem sentido
múltipla personalidade, psicose, esquizofrênia , e mais alguns motivos
distorção da realidade e uma vida ilusória
apenas mais uma gota de sangue na história
Fernando , Abel , o nome não é importante
mesmo com tantas pessoas ao redor, ainda me sinto insignificante
os próximos 19 anos serão vividos dessa forma ?
sinceramente , quem se importa ?
Corto meus pulsos e deixo o sangue fluir
despeço-me de minha alma que irá partir
as trevas me obscurecem, agora eu consigo entender
só peço que não chore, porque somente através da morte é que eu posso renascer ...

Abel _____________________________ Requiescat in Pace



Poema escrito quando meu alter ego completou 19 anos de existência.
Uma forma de tentar controlá-lo ou torná-lo mais forte.
Ainda não sei ao certo ...

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Fragmentação da Personalidade


Diz-se que cada ser humano é único. De fato, cada um de nós tem sua própria personalidade. Mas será que essa é a única personalidade que temos? O ser humano é complexo demais pra ser único. Ao mesmo tempo, desprezível demais pra ser único.

Nos abismos do meu subconsciente, uma imutável dualidade divide o meu ser. Uma personalidade psicótica que se manifesta em meus pensamentos, deixando-os dissimulados.

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Terça, 03/04
21:45

A resplandecência da lua encontra os meus olhos e me desperta para mais uma noite.
Sinto um alívio indescritível.
"Ainda sou eu mesmo, ao menos por enquanto"
A dor em meio peito já se torna deveras infinita. É o reflexo de um grito de desespero enunciado por uma alma há tempos aprisionada.

Esquizofrenia .
Termo que engloba várias formas clínicas de psicopatia e distúrbios mentais próximos a ela; sua característica fundamental é a dissociação e a assintonia das funções psíquicas, disto decorrendo fragmentação da personalidade e perda de contato com a realidade.

Lastimável.
A única vida que foi a mim concedida é dividida pelo meu outro eu. Meus sonhos, planos, ambições ...
As vezes me pergunto se os objetivos alcançados por mim são realmente meus.
Meras questões existencialistas ...

"Liberte-me"
A voz se torna cada vez mais forte e isso me preocupa.
Quanto tempo eu ainda tenho antes de me perder na insanidade?
Esse é o meu maior medo. Ser dominado pelo meu demônio interior.

"O momento chegou"
Sem ter tempo de me despedir, eu apenas deixo uma dúvida:

"Quem és tu que domina a minha razão ?
Quem és tu que obscurece o meu coração ?"

E sublimamente, a resposta se fez ouvir:

"Quando você sentiu medo , foi o meu nome que você gritou
quando você estava caído , minha coragem te levantou
Você é fraco e não consegue entender seus próprios sentimentos
dia após dia , eu escutei suas lágrimas e lamentos
Sua nescessidade por alguém me fez chegar até aqui
sua angústia e solidão me fizeram existir
seu ódio e depressão me deram uma consciência
transformei seus pecados em lapsos de inocência
Eu te dei respostas e um motivo para viver
perdido entre as trevas , eu te mostrei o alvorecer
eu lhe faço respirar , amar e pensar
eu absorvo os seus pesadelos e lhe faço sonhar
Eu sou o Deus de um novo mundo , lhe dando tudo o que é meu

Abel ; Eu sou você , e você ... SOU EU
..."

Agora só me resta vagar pelo deserto frio da eternidade e tentar recuperar minha fragmentada personalidade ...

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Nostálgico Niilismo


Sábado, 31/03
23:15

Minha mente vagava inerte pelos meus mais estranhos pensamentos. Meu corpo parecia se encontrar em torpor.
Eu estava tão entediado que uma concepção me surpreendeu. E se todos pudessem saber exatamente como eu me sinto? Se eles soubessem dos meus mais insanos sonhos?
Parecia surreal.
Mas cada resposta fazia surgir uma nova dúvida, como isso seria possível?

Em uma das minhas raras conversas com a
Carol Cruz, fiquei sabendo uma forma de dar vida ao meu até então devaneio abissal.
Mas eu sentia que algo não estava presente. Havia um vazio enorme entre meu sonho e a realidade.
E depois? Quando todos encontrarem minha memória vagando, serei considerado um anátema?
"As pessoas temem aquilo que não conhecem", o que seria de mim sem a genialidade da Cal?
Dediquei minha alma na criação daquilo que seria conhecido como o meu auter-ego.

NOSTALGICO NIILISMO, um mero capricho da minha imaginação.
Mas ainda faltava um nome para se tornar completo.

Durante alguns minutos que me pareceram uma eternidade, imaginei vários nomes que reflletiriam meus pensamentos.
O que eu irei sentir ao ler minhas próprias palavras depois de tantos anos?
Era simples, eu sentiria saudades do nada, apenas lembranças do vazio.
Mesmo assim, eram nomes tão simples. Meus pensamentos são únicos, ao menos pra mim, eles são tão complexos que algumas simples palavras não poderiam descreve-los.
Todavia, o destino nos reserva surpresas extraordinárias.

De súbito, as palavras saíram do meu agridoce espírito ...
Devaneio Abissal, perfeito.
E minha mente deixou de ser abscôndita, para se eternizar na história.

Não tenho a genialidade da
Cal, mas tentarei exercer em outros, o sentimento poético que ela exerce em mim.

Devaneio Abissal, o reflexo de suas atitudes de uma forma um tanto quanto paradoxa.
E para os interessado, deixo aqui em forma de agradecimento a ela ...

Lisergia Verbal.

Sintam-se a vontade ...