segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Baú de memórias imprestáveis

Foi um impulso estranho e repentino que nasceu no primeiro segundo e concretizou-se no átimo de tempo seguinte, sem fermentações, sem receios, sem purgatórios, sem nada. No estalar dos dedos, no piscar dos olhos, no vão de uma inspirada e uma expirada de ar quente esse desejo intrometeu-se em minha vida e realizou-se, parto natural.
Sei e somente sei que abri o velho baú de memórias e atirei para fora toda a imundície, tudo o que não prestava, todos os farrapos com que se vestiam meus pensamentos que nasceram para ser nobres. Mas boas intenções somente não bastam! Os pensamentos precisam ter sangue azul, maledicências e futilidades são andrajos que condenam para uma existência estúpida e pobre todos os pensamentos que pretendem ser sublimes – oh! Nobreza, qualidade rara e esquecida!
Quanta quinquilharia e cretinice se ajuntou.... Incrível a capacidade humana de guardar o que não precisa ser guardado, de conservar o imprestável, de crer que tecidos pervertidos emprestarão novas faces para os pensamentos no amanhã.
Joguei as velhas roupas de ressentimentos, os cintos iracundos, um velho roupão tecido com uma raiva muito antiga, alguns lenços de maledicência e um belo paletó de futilidades, molhei toda esta pilha mórbida com um perfume cuja essência era extraída do mais rico dos óleos da vaidade e pronto, uma belíssima fogueira, cheirosa é verdade, mas negra como a treva.
Lavei o baú, limpei-o com decência e o purifiquei com generosidade e bondade, ele ficou lá, em seu canto, feliz, pronto para guardar novas descobertas e experiências.

... De repente...
... De repente...

Quando mal tinha começado a viver, surpreendo-me!
O baú está cheio novamente...

Mesmo com algumas limpezas no velho baú de memórias inúteis, aprendi que sua assepsia é importante, mas, a mais fundamental das limpezas se faz no coração...
Recomecei a limpeza, desta vez sabendo que caminho seguir! Quero ser bom novamente e este pensamento, definitivamente, me faz nobre!

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