domingo, 26 de agosto de 2012

Desejo

As palavras saíram tortas... na voz, no sentimento.

O lençol umedeceu-se recepcionando palidamente as lágrimas que caiam fartas do seu rosto vincado pela dor.

Por que toda história de amor, questionou-se, tem de começar com um sorriso e ter um ponto final feito de sofrimento? “Será isso uma regra inquebrável, pelo menos para mim”? Insistiu em suas reflexões...

Era noite e a noite se vestia especialmente bela, como se pressentisse que algo especial haveria de ocorrer para eles...

Colocou de qualquer jeito a última camisa na mochila, pegou o perfume que ficava sempre na penteadeira, olhou seu rosto no retrato do espelho e viu um tolo... Tolo por ter começado algo que desde o inicio nasceu sob o signo do fracasso... Tolo por terminar algo que queria insistir...

Quis buscar mais justificativas, para partir, para ficar, não conseguiu, todas as desculpas que se dava estavam desafinadas com a verdade, a loucura brotava em todos os cantos de seu sossego, sua paz sangrava no meio de uma discussão que jamais conheceria vencedores, não queria mais acender velas neste totem.

Agiu conforme a consciência mensurando o tamanho da dor que deveria carregar dentro do seu peito, sangue, lágrimas e adagas seriam seu legado doravante... Escolheu o caminho que lhe pareceu que seria o mais correto, ainda que o correto usasse a mascara do mais feroz dos demônios.

Abriu a porta do apartamento... Partiu... Atrás de si ficaram muitos sonhos e um cálice de lágrimas derramadas nos lençóis lívidos e um beijo que deixou marcado na face dela que sentada na cama era mais uma triste espectadora deste espetáculo que sugeria tragédia...

Na rua, ele olhou a noite e tentou se convencer da única coisa que parecia real em toda esta história: Um homem, algumas vezes em sua vida, não deve fazer o que quer fazer e sim, o que precisa ser feito...

Pegou um taxi e este o levou para longe... longe... dela e de todas as coisas que queria amar e não podia...

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